Agora que se conhecem possíveis abordagens ao assunto RTP, vários bloggers vêm publicando excertos de já pretéritas emissões. Imagino que pretendam, com esses posts, demonstrar a importância de existir uma televisão pública. Só que eles parecem não compreender uma coisa: ao recordar esses bons velhos tempos, muitos ainda a preto e branco, estão a dar argumentos contra si. Ao mostrar como a RTP de agora está tão distante da RTP de então, só se pode concluir que não faz sentido um Estado suportar uma televisão pública com o modelo actual. Uma televisão ser pública não implica automaticamente que esteja a prestar um serviço público.
Antes, a RTP mostrava-nos teatro português, cinema com qualidade, algumas boas telenovelas brasileiras. Havia informação, a natureza de David Attenborough, a ruralidade com Sousa Veloso. Havia séries britânicas e havia o Zé Gato. Recordo-me de jornalistas desportivos que sabiam do que falavam: o Helder de Sousa, o Cordeiro do Vale, o Adriano Cerqueira, o João Coutinho, os dois Lopes (Luis e Jorge). Havia o Vasco Granja. E mais.
Hoje, temos o gordíssimo Mendes, o Rodrigues dos Santos, a Fátima Campos Ferreira, umas séries portuguesas mal amanhadas, uns concursos com cenários manhosos, o Bom Dia Portugal, o Portugal no Coração, o menos gordo Malato e a insuportável Catarina Furtado. Se isto é o que esses bloggers pretendem que seja uma televisão pública, já há outras duas que não custam directamente ao contribuinte: a SIC e a TVI.